Quando se pensa nos ancestrais do ser humano, aqueles que habitavam cavernas, a impressão pode ser mais de um mito do que de uma passagem de nossa história. Eles viviam de um jeito distante do que a espécie humana se tornou. Mas já revelavam elementos básicos da nossa existência no planeta. Um deles é a técnica: usavam objetos e criavam artefatos para conseguir comida, fazer pinturas nas paredes, modificar o ambiente onde viviam. O outro é a linguagem: os desenhos nas pedras indicavam desejo de comunicar. Impulso comum à fala, à escrita, às artes, aos códigos.
As pinturas nas cavernas feitas por nossos ancestrais não eram só desejo de comunicação. Eles expressavam também a capacidade humana de pensar e representar a relação com o mundo por meio da técnica. Como no caso das cenas de caça, pintadas com uma mistura de sangue e terra, mostrando o uso de lanças e estratégias para capturar a presa. Tão longe e tão perto do que temos hoje: alguém desenvolve um sistema digital para publicar imagens, dividir pensamentos, mostrar o que come, reclamar de uma conexão da Internet que deixa a vida leeenta.
De eras remotas à digital, técnicas para lidar com o ambiente ou criar linguagem são tão intrínsecas ao ser humano que há quem o chame Homo sapiens technologicus. Lá atrás, essa conexão era identificada pela apropriação da natureza para proteger o corpo, ampliar sua capacidade de ação e facilitar trocas e diálogo. Hoje, um app nos mostra o caminho a seguir, um dispositivo regula um coração preguiçoso, uma câmera leva a visão aos confins do planeta, um celular expressa nossas ideias e sentimentos. Olhar para os rastros dessa relação com a técnica nos ajuda a pensar sobre quem somos e os limites do modo como vivemos.
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